sexta-feira, 21 de maio de 2010

Coisas da Vida

Minha vinda ao mundo foi um tanto indesejada para alguns. Minha mãe soube que estava grávida aos 22 anos e meu pai me rejeitou. Porém, nada impediu que eu fosse criada com amor por minha avó e minha mãe.
Passando algum tempo minha mãe iniciou um relacionamento novo o que proporcionou o nascimento de minha irmã. Morávamos então, mãe, padrasto, avó, minha irmãzinha e eu todos juntos em Tigipió.
Lembro-me que apesar das dificuldades vivíamos sempre bem. Os finais de semana de verão era ida na certa para a praia, e mesmo que o dinheiro não sobrasse para ir a um restaurantes da cidade, comprávamos uma galinha deliciosa assada para comer com pão, e assim como de costume sentávamos na pedra da praia de Palmas para saborear o almoço com toda alegria.
Os anos foram passando e alguns acontecimentos foram transtornando nossa relação. Lembro-me como o dia de hoje, quando me arrependi profundamente de ter colocado em minha vida uma pessoa que a qual chamava de pai. Era difícil entrar na minha cabecinha de criança o porquê de tanta coisa ruim acontecer.
Recordo-me que de quando sai de casa com minha avó, para cuidar de uma senhora. Foi um alívio!
Comecei então a trabalhar aos onze anos de idade naquela casa. E ao final dos doze anos conheci uma pessoa tão especial que até hoje habita em meu ser.
Quando comecei a namorar, a situação que estava ruim começou a ficar pior. Pois meu padrasto não aceitava a minha relação com aquele ou qualquer jovem. Passei por humilhações, deixei de frequentar a casa de minha mãe, afinal resolvi a deixar tentar ser feliz com a minha ausência.
Continuamos nosso namoro, ao lado de minha avó que sempre nos apoiava. Lembro-me que todos daquela pacata região não recriminavam minhas atitudes, pois sempre trabalhei e estudei, aliás ótimas notas. Entretanto o sentimento de pena era visível.
Mas, com todos os empecilhos superei e comecei a trabalhar na cidade. Eu era responsável por uma casa de família junto de dois de seus filhos pequenos. Pelo fato de passar a semana toda nesta casa e ir nos finais de semana para casa, sofri muito com a separação de minha avó, porém foi assim que me tornei uma verdadeira mulher, justo aos meus quatorze anos. Aprendi a passar, lavar cozinhar, cuidar daquelas crianças maravilhosas e a superar a saudade de casa. Naquela época, dona Zoraide era a dona da casa e professora. Nossa, como eu a adimirava, sempre quando precisei ela sentou ao meu lado para me ensinar, sempre que estive doente ela sempre tinha um chá para a cura. E assim me inspirei naquela mulher. Decidi ser uma professora e de Inglês.
Certo dia, recebi a oportunidade de mudar de emprego. Aquele dia foi o dia mais difícil da minha vida, eu tinha que fazer uma escolha, mas se eu mudasse de emprego teria que voltar para a casa de minha mãe e passar por tudo aquilo novamente. E eu também tinha que seguir em frente, precisava crescer.
Então no segundo emprego trabalhei como recepcionista por quatro meses até eu receber outra proposta, a de trabalhar como auxiliar administrativo numa escola de idiomas. Nesta escola permaneci um tempo trabalhando e estudando inglês até que me tornei uma das professoras daquele lugar, e assim passaram-se quatro anos.
Nesta mesma época, passei a morar na casa do meu namorado, a qual fui acolhida como filha. Pois, a senhora em que minha avó e eu morávamos havia falecido. E eu não tinha para onde ir, se eu quisesse voltar para casa tinha que deixar do meu namorado e me submeter às humilhações daquele cruel homem que estava no lugar de meu verdadeiro pai.
Essa foi uma das fases mais difíceis da minha vida, eu só podia ver minha família nos domingos de tarde, quando meu padrasto não estava; e proibido de entrar na casa, meu namorado ficava andando de moto pelas redondezas esperando um tempo para eu matar a saudade delas.
Passaram-se alguns anos e minha mãe resolveu assumir uma nova vida. Desta forma, eu tive a oportunidade de me aproximar e reatar os laços, mas mesmo assim continuava um vazio em mim.
Em um desses últimos anos, sofri com a morte da mãe do meu marido e também considerada minha. Este ano, foi ao mesmo tempo um ano de muitas revelações para que eu pudesse recomeçar do zero.
Iniciou-se mais um dos grandes sofrimentos de minha vida que até alguns meses atrás tentava superar.
Hoje, graças a Deus e algumas pessoas que fazem parte da minha história, me fizeram saber lidar com meu passado e dar uma nova página para a minha vida

Curso Diversidade Textual: os gêneros na sala de aula
Autora: Evellyn Lays Momm
Formadora: Graziela Alves

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